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João Saldanha na linha de tiro


por Raul Milliet Filho


O anticomunismo no Brasil é uma ideologia odiosa. João Saldanha enfrentou duras paradas ao longo de sua vida. Na segunda metade dos anos 40 levou um tiro nas costas, covardemente numa manifestação da UNE. Nos primeiros anos da década de 1950, liderou uma greve de operários da indústria têxtil em São Paulo, capital. Pouco depois foi designado pelo Comitê Central do PCB para coordenar uma reação ao ataque de expulsão de terras levado a efeito por latifundiários do norte do Paraná em Porecatu. Sempre esteve na linha de frente das lutas populares.


Saldanha conseguia combinar com arrojo, coragem e liberdade sua atuação na linha de frente da esquerda com seu talento como jornalista, diretor e técnico de futebol.


Afinal de contas, já é hora dessas fofocas contra João Saldanha cessarem.


João teria completado no último três de julho do corrente ano, 104 anos, e olha o que este historiador Hilário Franco Júnior aprontou, terá sido por incompetência ou má fé?




Capa do livro A dança dos deuses, editora Companhia das Letras .

No seu livro “A Dança dos Deuses”, em foto de página inteira, um cidadão que não é João Saldanha aparece creditado como João Saldanha. Isto é uma piada de péssimo gosto, afinal João sem medo nunca aceitou encontrar-se com Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici, aquele que segundo ele, foi o maior assassino da história do Brasil.


A reclamação junto à editora Companhia das Letras foi feita há 10 anos. Reiteramos a pergunta: isso foi um erro de pesquisa ou foi uma atitude de má fé? Novamente passo a palavra para Hilário e para a Companhia das Letras.


Prezados leitores do blog Deixa Falar, qual a opinião de vocês: incompetência ou calúnia?


Um jornalista famoso, professor universitário, escritor e comentarista da grande mídia, asseverou sobre esta querela: “Céus. O cara de terno nem mesmo é parecido. Troco meu veredicto de incompetência para má-fé.” Fica uma pergunta: será que o autor do livro nunca viu o João Saldanha em seus trajes comuns, calça jeans e camisa branca?


Por fim, reproduzimos duas falas de João sobre Médici. A primeira, em fevereiro de 1970, em Porto Alegre pela RBS, afiliada da TV Globo. A segunda, em entrevista ao programa Roda Viva no ano de 1987, ao vivo para todo Brasil.



João Saldanha era irmão de minha mãe Elza. Tio João muito além do parentesco, foi um grande amigo e um exemplo de vida para mim. Tivemos uma convivência muita boa e próxima. Acompanhei bem de perto a sua vida.

Essa foto foi um complemento e tanto para um texto irresponsável que culminou com a comparação de João com Jânio Quadros onde menciona informações equivocadas sobre jogadores, sobre a larga experiência de Saldanha como diretor e técnico de futebol e o seu detalhado e competente trabalho de montagem da comissão técnica e da preparação para enfrentar a altitude do México. Também passa batido por desconhecimento e ignorância que a base dos campeonatos conquistados pelo Brasil em 1958 e 1962 foi montada por João no Botafogo. Em 1958 três dos onze titulares tinham sido comandados por Saldanha, Nilton Santos, Didi e Garrincha. Em 1962 foram cinco titulares, pupilos de João, Nilton Santos, Didi, Garrincha, Amarildo e Zagallo, sem falar no preparador físico das duas jornadas, Paulo Amaral. Evidentemente a crítica, qualquer crítica, é parte integrante da vida democrática. Criticar, errar é da vida, mas aquela foto em que João é trocado por um outro cidadão ou é um erro crasso ou uma atitude de má fé.


João Saldanha por Zuca Sardan.

João Saldanha pelo traço de Nássara.

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