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Mesmo com o embargo criminoso dos Estados Unidos, Cuba brilha nas Olimpíadas de Tóquio

por Raul Milliet Filho


Cuba participou pela primeira vez dos jogos olímpicos em 1900, mas fica evidente a ascensão cubana no quadro de medalhas após a Revolução Socialista em 1959.


Ao longo da história, os atletas cubanos conquistaram 241 medalhas em jogos Olímpicos, sendo 85 ouros, 71 pratas e 85 bronzes. A ilha socialista ocupa a terceira posição entre os países das Américas em relação a conquistas de medalhas de ouro, atrás apenas de Estados Unidos e Canadá, conquistando mais medalhas que qualquer país da América do Sul.



Reiteramos o mutismo dos principais órgãos de comunicação sobre a valorosa nação cubana. Agora em Tóquio, Cuba terminou com sete medalhas de ouro, empatada com o Brasil.



Foi difícil aturar o pachequismo dos canais SporTV e da Globo, particularmente de Galvão Bueno e Luís Roberto que inflavam o tempo todo o desempenho brasileiro. Parecia até que o Brasil de Bolsonaro estava em primeiro lugar nos Jogos Olímpicos.


O embargo criminoso perpetrado pelos Estados Unidos, é certo, diminuiu o desempenho cubano, notadamente em esportes coletivos.


Lembramos apenas o desempenho do vôlei feminino cubano conquistando ouro nas olimpíadas de 1992, 1996 e 2000, além de vencer oito torneios promovidos pela Federação Internacional de Vôlei.


Mireya Luis, considerada a maior jogador de vôlei de todos os tempos.

Voltando um pouco no tempo, é importante frisar que a seleção nacional cubana de vôlei feminino foi a primeira a quebrar a hegemonia do Japão e da URSS conquistando o campeonato mundial de 1978.


Muitos analistas comentavam que na década de 1990 existiam três modalidades de vôlei: o feminino, o masculino e a seleção cubana feminina.


Regla Torres, ao lado de Mireya brilhou no grande time de vôlei das mulheres cubanas.


É possível afirmar que Cuba formou a melhor seleção de vôlei feminino da história deste esporte.


AS MORENAS DO CARIBE



O principal esporte cubano nas olimpíadas tem sido o boxe. Teófilo Stevenson foi o seu maior protagonista, considerado o mais destacado pugilista da história deste esporte.


Wanderson de Oliveira é golpeado pelo cubano Andy Cruz em Tóquio; brasileiro foi eliminado nas quartas. Foto: Frank Franklin II - 3.ago.2021/AP

Teófilo Stevenson, campeão olímpico em 1972, 1976 e 1980.

Teófilo sempre se recusou a abandonar Cuba e aceitar os convites para atuar no boxe profissional estadunidense.


Teófilo Stevenson, de Cuba, ganha a medalha de ouro no boxe, nas Olimpíadas de Munique em 1972:


Teófilo foi campeão Pan-Americano em 1975 e 1979. Abaixo sua performance no Pan do México, em 1975:

O boxeador não pôde ir adiante. Teria conquistado mais medalhas em jogos Olímpicos se não tivesse ocorrido o boicote dos Estados Unidos, Alemanha Ocidental, Canadá, Japão, França, Portugal e Reino Unido aos jogos Olímpicos de Moscou em 1980. O bloco socialista retrucou o boicote nos jogos de 1984 em Los Angeles e 1988 em Seoul. Vários atletas, dentre os quais Stevenson, ficaram de fora.


 

artigo publicado no site papodehomem,

em 23/03/2016 por Rafael Nardini


"Vai para Cuba!"


Em tempos de acirramento político e ruas repletas de discussões políticas, lá foi Barack Obama visitar a terra dos irmãos Castro.


"Socialista", dizem os republicanos. Aqui, é preciso menos que uma visita oficial a Havana. Um camiseta Hering vermelha já é suficiente para acabar tachado.


A verdade é que as relações entre Estados Unidos e Cuba já foram muito mais tensas e nada amistosas. E houve a tentativa frustrada - diversas vezes - de retirar Teófilo Stevenson, exímio boxeador da Ilha, para hospedá-lo em hotéis luxuosos e despejar um caminhão de dinheiro para que ele deixasse o amadorismo cubano rumo ao mundo dos milhões na potência do Norte.

“Não vou deixar meu país por um milhão de dólares ou muito mais. O que é um milhão de dólares contra oito milhões de cubanos que me amam?”, disse ele em 1974, talvez uma das mais célebres falas de um atleta olímpico na história.


Medalhista de ouro em Munique (1972), Montreal (1976) e Moscou (1980), o fetiche era tentar seduzi-lo ao mundo vistoso dos cassinos, bolsas de apostas e bolsas extraordinárias. Quase certeiro seria seu quarto ouro, em Los Angeles (1984), feito impossível após Cuba seguir as orientações soviéticas e boicotar os Jogos da Costa Oeste americana.


Foram nove nocautes ou nocautes técnicos nas lutas olímpicas. Mais duas vitórias por pontos e uma vitória por W.O.. E Teófilo jamais perdeu uma disputa nos Jogos.


Os números da carreira, segundo a Radio Havana, são ainda mais expressivos: 301 vitórias em 321 lutas por mais de 20 anos de carreira e mais um tricampeonato mundial entre os amadores.


Longe dos ringues e perto de Fidel, exatamente como ele escolheu viver seus dias

Tamanha estatura atlética fez de Teófilo um verdadeiro fetiche para o mundo do boxe. Em 1976 viria o convite para tornar-se profissional e pegar pela frente o mítico Muhammad Ali, até hoje considerado o "Pelé do boxe".


Stevenson deu de ombros:

Quem venceria? Há quem diga que essa seria a verdadeira luta do século. Por ser mais 10 anos mais jovem que o americano, há quem crave sem dúvidas o voto no pugilista de Puerto Padre.


Como o capitalismo não sabe ouvir não, Stevenson continuou a ser tentado.


Conta o Opera Mundi:

“Não quero me tornar um profissional. Quando havia boxe profissional em Cuba, os pugilistas eram tratados como mercadoria”, disse certa vez.


Fidel Castro, claro, vendeu o peixe do regime com as decisões do atleta: “Este jovem, humilde filho de uma humilde família, não quis trocar seu povo por todos os dólares do mundo”, comemorou El Comandante.


Com a carreira nos ringues encerrada, foi absorvido pela burocracia castrista, chegando a ser diretor da federação cubana de boxe, deputado da Assembléia Nacional e, já nos últimos anos de vida, vice-presidente da Federação Cubana de Boxe.


Massacre vindo aí. E é melhor estar preparado

Vítima de um infarto agudo do miocárdio quando tinha 60 anos, deixou o cambaleante boxe cubano órfão em 11 de junho de 2012. A morte precoce impediu que Teófilo pudesse ver o americano Barack Obama em seu país, agora uma Ilha que tenta abrir-se ao globo.


No dia seguinte à sua morte, a Tribuna de La Habana, um dos meios de imprensa oficiais do regime se derreteu ao astro:

O quanto a chegada de Obama vai trazer de mudanças ainda é impossível prever. Mas tanto faz se o esporte cubano passar a ser profissional e milionário. A história sempre terá espaço para bons personagens. E é certo que Teófilo estará sempre no pódio também quando o bloqueio e os novos ventos começarem a passear por Havana.


E no imaginário vai sempre haver espaço para o jovem que escolheu viver com medalhas de ouro no peito e os bolsos completamente vazios.


Rafael Nardini

Torcedor de arquibancada, vegetariano e vive de escrever. Cobriu eleições, Olimpíadas.





 

Raul Milliet Filho é Historiador, criador e editor responsável deste blog, mestre em História Política pela UERJ, doutor em História Social pela USP. Como professor, pesquisador e autor prioriza a cultura popular. Gestor de políticas sociais, idealizou e coordenou o Recriança, projeto de democratização esportiva para crianças e jovens. Autor de “Vida que segue: João Saldanha e as copas de 1966 e 1970” e do artigo “Eric Hobsbawm e o futebol”, dentre outros. Dirigiu os documentários: “Quem não faz, leva: as máximas e expressões do futebol brasileiro” e “A mulher no esporte brasileiro”.

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