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Foto do escritorJosé Carlos de Assis

O dono do mundo será caçado como uma lebre

Atualizado: 2 de set. de 2021

Matéria escrita por Jose Carlos de Assis e

publicada no site brasil 247 em 06/01/2019




Donald Trump acha que a Presidência dos Estados Unidos o torna automaticamente dono do mundo. Assim pensam também os neoconservadores americanos, os fascistas do Departamento de Estado e os neoliberais econômicos. A América, depois de se aproveitar da conjuntural fraqueza russa imediatamente depois do fim da Guerra Fria, avançou sobre vários países do Leste para assentar sua hegemonia absoluta até as bordas da Rússia. Então apareceu um sujeito chamado Vladmir Putin, e o jogo mudou.


Baseado no poder russo restaurado, Putin estabeleceu uma linha vermelha em torno dos interesses estratégicos de seu país. Reverteu a agressão da OTAN na Geórgia, recuperou a Criméia e dividiu a Ucrânia entre fascistas e russófilos, neutralizando o país como força agressiva dos Estados Unidos. Depois, novamente atendendo a interesses estratégicos, impediu a derrocada da Síria diante da combinação agressiva EUA-Israel. Posicionou-se na Venezuela para defender o regime social de Maduro. Não teve tempo de proteger a Bolívia.


Esses são episódios, não uma lista exaustiva de intervenções arrogantes norte-americanas em partes tão distantes do mundo ocidental quanto Afeganistão e Iraque. Mas lá eles estão, com seus contingentes formidáveis, para consolidar seu domínio do Oriente, passo inevitável para a dominação absoluta do mundo. Com a Rússia e a China do outro lado não dá. São potências nucleares e econômicas de primeira linha. Não podem ser atacadas diretamente, pois mesmo Trump é obrigado a parar na fronteira da dissuasão nuclear.


Sua estratégia é atrair russos e chineses para a guerra em terceiro país. E para cooptar ou forçar aliados vale tudo, inclusive os recursos da guerra assimétrica, do lawfare e da hipócrita luta contra a corrupção. É onde entramos nós. A Lava Jato foi um instrumento político norte-americano para afastar o Brasil do bloco BRICS e da proximidade com Rússia e China. O grande neocolonizador queria se assegurar o domínio absoluto de seu quintal sul-americano, para isso espalhando instabilidade política em seus países.


É nesse contexto que surge a crise atual no Oriente Médio. É absolutamente falso que os Estados Unidos estão reagindo a ataques iranianos a seus interesses. A verdade é oposta. Desde Mossadegh que o Irã sofre intervenções americanas, sempre vinculadas à defesa de interesses das companhias de petróleo. A derrubada de Mossadegh pela CIA abriu espaço para uma das ditaduras mais selvagens da história, comandada por um títere americano, o Xá Reza Pahlevi. Entre 78 e 79, a Savak, polícia secreta do Xá, matou entre 2 mil e 3 mil manifestantes.


Komeini foi a salvação do país. Instituiu uma república teocrática ao gosto dos iranianos. Os aiatolás são reverenciados por todo o país. O Irã desenvolveu-se, pelo menos até que os Estados Unidos lhe impuseram um embargo comercial implacável. Cercados, voltaram-se para Rússia e China. E foram perfeitamente aceitos numa aliança estratégica, consagrada há algumas semanas por exercícios navais conjuntos em águas próximas ao Irã. É isso que Estados Unidos e seu vassalo agressivo Israel não aceitam. Daí, colocaram-se em situação de guerra.


A esperada reação iraniana está por vir. Enganam-se os que pensam que o Irã se colocará numa posição vulnerável à retaliação dos Estados Unidos. O país tem mais de um milênio de experiência militar, obrigado que sempre foi, desde as Cruzadas, a enfrentar o poderio bélico do Ocidente. Também não podem expor seus principais aliados, Rússia e China, a uma guerra total contra Trump. Sua grande arma de retaliação pela morte do general é simples, direta, e que não deixará ao inimigo possibilidade de revide. Chama-se fatwa.


Já falei sobre isso em artigo anterior. Mas causou indiferença entre os comentaristas da crise. É que os ocidentais não sabem o que é fé. O cristianismo é muito relaxado a respeito. O fatwa é um decreto de morte contra alguém identificado como apóstata com validade eterna. Nem quem proclamou o decreto pode retirá-lo. E quem praticar o assassinato terá como prêmio a bem-aventurança eterna, o céu islâmico. Quem não acredita em Alá pode achar que isso é uma esquisitice muçulmana. Quem acredita pode matar sem remorso.


Se for lançada um fatwa sobre Trump ele se tornará um morto vivo. Todos os muçulmanos do mundo que querem alcançar o paraíso estarão estimulados a matá-lo. Ele não saberá quem, em seu entorno, será o provável assassino, pois não se exige que seja árabe. Essa será uma caçada na forma de uma guerra mundial de pessoas, que não comporta retaliação contra países. É a vingança perfeita. E ninguém alegará que é uma perversão moral pois a CIA e o serviço secreto inglês também tem licença para matar no exterior.



Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB.

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