Por Raul Milliet Filho
Bia Aparecida é uma artista potente e acolhedora.
Politizada, não abre mão da sua inserção na cultura popular.
Sintoniza de ouvido a definição brilhante de Benedict Anderson para quem "Nação é uma comunidade política imaginada".
O samba e o futebol, incorporados pelas classes populares brasileiras, são os pilares centrais do nosso Estado Nação.
No momento em que a Semana de Arte Moderna de 1922 tem o seu Centenário comemorado e incensado, é bom lançar na arena dos debates outras duas semanas
vizinhas, a do Futebol e do Samba.
No futebol, tivemos dois marcos importantes: a primeira conquista do Campeonato
Sul-Americano em 1919 pela seleção brasileira sobre o Uruguai, em um jogo épico, com duas prorrogações, vencido pelo Brasil por 1 a 0, com gol de Friedenreich no
campo do Fluminense, e a vitória do Vasco da Gama com um time majoritariamente
composto por negros e mulatos, no Campeonato Carioca de 1923, uma conquista revolucionária para uma sociedade recém saída da escravidão.
Em 1928, desfila a primeira escola de samba, a Deixa Falar, no bairro do Estácio
com os bambas Francisco Alves, Bide e Ismael Silva.
Como a cultura popular não pode ser separada, as cores vermelha e branca da
Deixa Falar foram inspiradas no América Futebol Clube, time dos grandes destaques desta escola de samba pioneira!
Então, na verdade, o Brasil conheceu três Semanas de Arte Moderna na década de 1920.
Raul Milliet Filho é doutor em História pela USP, professor, pesquisador, especialista em políticas sociais na área pública e editor responsável e criador do “Deixa Falar: Megafone da Cultura”.
Comments