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Um diálogo entre Joaquim Nabuco e Caetano Veloso

Em entrevista a Tatá Werneck, Caetano Veloso, em pouco menos de 2 minutos, traça um panorama ferino sobre o Brasil atual, com críticas severas à ditadura civil-militar, advinda após o golpe de 64. Concluindo, Caetano ressalta a necessidade de uma segunda abolição da escravatura.





O historiador Ricardo Henrique Salles, em seu livro Joaquim Nabuco: Um Pensador do Império, permite-nos aprofundar este diálogo entre Caetano e o abolicionista pernambucano. Citando Nabuco, Ricardo assenta que, em O Abolicionismo, o autor considerava a questão da incorporação dos antigos escravos e libertos a cidadania, parte indissociável da reforma abolicionista.


“... A questão da ordem do dia, além da emancipação mesma ... era a de qual sociedade deveria suceder à ordem social escravista: uma sociedade que preservasse o máximo possível os fatores da exclusão social, ou uma sociedade que dando continuidade ao espírito correspondente à maioria abolicionista, buscasse decididamente, através da incorporação dos antigos escravos e dos setores excluídos da população, a constituição de uma cidadania democrática ... não poderia haver pátria digna desse nome para apenas uma parcela de seus filhos”, afirmava Nabuco, já no prefácio de O Abolicionismo.


O período pós abolição da escravatura acaba por substituir os grilhões da escravidão por um outro tipo de prisão, a predominância da falta de empregos e do trabalho informal, povoando as ruas do Rio de Janeiro e de São Paulo, dentre outras cidades, de uma legião do que Marx conceituou no século XIX como exército industrial de reserva.


Qualquer semelhança com a política econômica de Paulo Guedes, representante da escola de Chicago, não é mera coincidência. Uma nova abolição torna-se imperiosa no Brasil de hoje, como sempre assinalaram Ricardo Henrique Salles e Caetano Veloso.

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