Apresentar Zuca Sardan, pseudônimo de Carlos Felipe Saldanha é fácil e saboroso como um samba de Noel ou a prosa de Cervantes.
Na visão deste blog o talento de Carlos Felipe / Zuca Sardan está tanto na poesia quanto em seus traços.
O poeta Sardan está no panteão dos grandes mestres do traço brasileiro como Nássara, Jaguar eAngeli. A linha divisória entre seus poemas e desenhos é tênue e imperceptível. Para Zuca poesia e traços caminham pelo mesmo atalho.
À mesma finta que encanta e engana seu leitor pertenciam os pés mágicos de Garrinha, perambulando para lá e para cá, deixando Coronel tonto,esparramado no gramado, delineando uma delicada parceira entre Mané e Zuca. Os dribles de Garrincha, os poemas e os traços de Zuca, transformam um palmo de campo em um latifúndio, criando o olé no México.
Cacaso, poeta e amigo de Zuca lança mão de dados certeiros:
“Personalidade das mais originais e curiosas da literatura e poesia brasileiras, Carlos Saldanha nelas percorre um trajeto inteiramente singular.
(...)
A altura do Soberano
depende da altura de seu povo
Assim, o Soberano dos suecos mais alto é que o ....
dos esquimós Saldanha compõe um gênero de poema que joga com o leitor e consigo mesmo, quase sempre em contradição com a expectativa inicial que a leitura predispõe. ... ”
Para Horácio González “é um prazer olhar, folhear e ler os livros de Zuca Sardan. Neles a leitura torna-se amigável, efeito de capacidade visual, uma arte contemplativa.
(...)
Os trabalhos de Zuca diminuem a atividade do leitor a um ponto de satisfação com a realidade de fruição sensorial que seus livros conformamcomo objeto.”
Como disse Flora Süssekind “Tensões e duplicações que não se limitam a um único poema. Fábulas, desenhos, colagens e codinomes” ...
Francisco Alvim ponteia:
“Sardan utiliza os encantos dos mitos infantis para melhor desvendar aos adultos os desencantos do mundo. São fábulas e apólogos narrados com uma delicada pena de urutau, constantemente banhada em ironia e humor sem equivalentes nas letras pátrias.
É como se ele relatasse para nós a vida (o mundo) como ela (ele) é e agente não se desse conta”
MAL COMPARANDO
ZucaSardan
Se poesia fosse taxi
já arrancava
com o leitor pagando
bandeira dois.
Carlos Felipe Saldanha, Zuca Sardan, nasceu no Rio de Janeiro em 1933, mas vive em Hamburgo. Estudou arquitetura, mas fez diplomacia. Estudou desenho, mas fez letras. Hoje dedica-se a desenhos, vinhetas, poesias e folhetins. Entre seus livros, estão: “Ás de colete, poesias, desenhos” e “Osso do Coração”.
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