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Foto do escritorRaul Milliet Filho

Foi um rio que passou em minha vida: Paulinho da Viola conta como bateu a inspiração.


“O Hermínio pegou aquela fita e mandou com uma série de outras para o Festival da Record. Sem eu saber. “Sei lá, Mangueira” foi classificada e ele me ligou para contar: “Nosso samba está classificado para o festival”. Aí eu quase desmontei. ‘Hermínio, eu sou da Portela, não posso fazer um samba de exaltação à Mangueira. Como é que eu vou explicar na escola; acabei de ganhar o concurso de samba-enredo’ (o editor do blog lembra que Paulinho refere-se ao samba Memórias de um Sargento de Milícias no ano de 1966. Portela campeã com este samba nota dez).


MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS










SEI LÁ, MANGUEIRA











O Hermínio ainda disse que não tinha nada a ver, mas eu não me convenci; ele é mangueirense. Tentei tirar o samba do festival mas não deu: o Hermínio, que era parceiro, não queria tirar e a comissão não queria ter o trabalho de ouvir aquelas fitas de novo para escolher uma nova classificada.


A música foi um sucesso tremendo. Quando eu cheguei na Portela ninguém falou nada, nunca ninguém reclamou, nem seu Natal (o lendário comandante da escola). Foi aí que eu tive uma sorte incrível: estava passando por uma livraria e um livro me chamou atenção - Por Onde Andou Meu Coração , da Maria Helena Cardoso, irmã do Lúcio Cardoso. Olhei outros livros, mas não comprei nada. Fui embora e aquele título ficou me acompanhando e se associou a um pensamento que não me deixava: o que eu tinha andado fazendo para criar um samba exaltando a Mangueira. Acho que era um sentimento de culpa, não sei. Aí eu comecei a escrever: “Se um dia, meu coração for consultado, para saber se andou errado, será difícil negar”. A música surgiu depois, também de uma vez. Nasceu Foi Um Rio que passou em Minha Vida”.


Vamos ao samba:












 

*Raul Milliet Filho é doutor em História pela USP, professor, pesquisador, especialista em políticas sociais na área pública e editor responsável e criador do “Deixa Falar : Megafone da Cultura”.

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Deixa Falar: Criação e Edição de Raul Milliet Filho

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